segunda-feira, 15 de março de 2010

[parte 08] Quem é você quando ninguém está olhando? - O AMOR SACRIFICIAL

Esse capítulo poderia se chamar “aquilo que ninguém acredita ser amor”. Vamos ser honestos, ninguém vincula sacrifício a amor, parece contraditório, bobo, ato de burrice ou algo do gênero.

Claro que quando você escuta falar que uma mãe deu sua vida por seu filho, ou o marido pela mulher, irmão por irmão e alguns outros casos pensamos “é, há casos e casos, mas realmente há essa possibilidade

Mas e coisas mais simples que exigem um sacrifício não tão drástico assim? O autor cita três coisas que são pontos chaves em nossa vida e que, pra mim, são bem complicadas de serem sacrificadas por amor: nosso tempo, nosso vigor e nosso dinheiro.

Não deixa de ser nenhuma novidade essa classificação, mas vale atentar para a palavra vigor. Geralmente ouvimos a palavra “saúde” para classificar essa área importante de nossa vida, mas realmente a palavra vigor expressa melhor isso. Não é nossa saúde que é tão importante pra nós (infelizmente), é nossa disposição ou ânimo que realmente conta no fritar dos ovos.

Acreditamos no amor, queremos amar, mas quando temos que sacrificar algum desses itens em prol desse amor a coisa fica mais complicada. Então fica a pergunta, sacrificaríamos algo desses três bens? Por quê? Por quem? Em que momento?

Vamos iniciar pela pergunta básica, porque o amor exige sacrifício? Uma frase que o autor trás resume bem a resposta: “Nossa felicidade pessoal nunca vem por meio da satisfação de nossos desejos pessoais”. Se essa frase soou como algo comum, sem sentido ou algo que não concorde, sinto em informar mas você não conhece o que é amor e acredito que o resto do texto não lhe será útil ou interessante. Mesmo que fique bravo com minha possível arrogância em fazer tal afirmação, todos que amam concordarão que estou certo em afirmar isso.

Dado esse princípio, fica inevitável que em dados momentos tenha que sacrificar seu tempo, vigor e dinheiro para que consiga ter sua verdadeira felicidade pessoal. Então enfrentará um terrível inimigo: seu meio de vida.

Hoje estamos na era do egocentrismo, tudo gira em torno do slogan “Você é o numero um. Cuide de si mesmo. Não deixe que os outros tomem seu tempo. Guarde suas energias, junte seus recursos e você será feliz”. Os livros são sempre com títulos “pense e enriqueça”, mas são poucos com a coragem de ter no título algo como “ame e dê tudo”.

Passando para o amor com sacrifícios nas relações, se sintetizarmos o que consideramos hoje um bom casamento listaríamos o seguinte:
  • O casamento deve enriquecer a vida dos envolvidos emocionalmente, deixando-os melhor do que viviam quando solteiros
  • O casamento não pode ser proibitivo no desenvolvimento dos potenciais individuais
  • No casamento não se deve colocar as necessidades do outro acima das suas

O autor contesta isso com fervor e define o verdadeiro casamento da seguinte maneira: os cônjuges se olham e dizem um ao outro “Eu o(a) amo, e isso significa que me comprometo a servi-lo(a), a edificá-lo(a) e a encorajá-lo(a). Tenho plena consciência de que terei de empregar tempo, vigor e dinheiro, mas quero colocar os seus interesses na frente dos meus. Eu fico atrás; você vai na frente.

Particularmente, tirando a parte de colocar os interesses do outro na frente do seu, eu concordo com o autor. Tiro essa parte porque não acredito que seja esse o caminho pra que as coisas dêem certas, ou seja, não acredito que fazer o que o outro quer acima do que você quer seja algo construtivo. Acredito sim que deva ser estabelecido o que ambos querem em comum antes do casamento (ou no casamento) passando a ser os interesses do casal e assim ficando a frente dos interesses particulares.

Também não acredito haver conflitos entre o que o autor define como correto e o que a sociedade hoje define como deva ser um casamento. Como você trará amadurecimento emocional, sentimental, financeiro, enfim em todas as áreas de sua vida sem sacrifícios? Porque seus interesses principais seriam tão fora de uma realidade de convívio a dois e ainda sim você deseja esse convívio? Acredito que a definição do autor mostra o caminho de como concretizar o que queremos em um relacionamento.

Eu iria mais longe, será que estamos sendo honestos conosco e com quem amamos quando pensamos nessas questões, principalmente antes de casarmos? O que poderíamos ou não ceder sem transferir mais tarde sua frustração para o parceiro por não ter feito ou seguido o que queria?

Para aqueles que já estão casados, a coisa fica mais focada: é preciso sentar, conversar com sinceridade extrema sobre esses pontos, definir junto o que querem e escrever isso pra que não há “confusões” ou “esquecimentos” futuros. Isso eliminaria os sacrifícios? Não, mas ao menos deixariam todos mais cientes dos obstáculos e sacrifícios principais que iriam fazer.

É claro que há considerações em um casamento que são muito particulares, mas a grande maioria pode se aplicar tranquilamente às amizades, família, trabalho e em questões pessoais, ou seja, você e você mesmo.

O amor sacrificial nos faz crescer, sermos felizes de verdade, melhor individualmente e coletivamente, deixa nossos relacionamentos maravilhosos e assim vai... Mas porque é tão difícil? Porque quando começamos a fazer isso pra valer fica extremamente desgastante. Abrir mão, sacrificar, doar tempo, vigor e dinheiro exigem muito porque isso vai alem de um ato propriamente dito, após o ato você precisa conviver com a conseqüência do ato e assim tocar a vida. Pra isso o auto nós dá algumas dicas de como nos reabastecer desses desgastes.

A primeira dica se refere ao abastecimento da alma ou do espírito. Quando ficar complicado demais fazer essas doações vá SOZINHO para um lugar tranqüilo, medite sobre isso, tenha em mente que nada é imediato e, se já colheu algum fruto por conta do sacrifício, coma esse fruto nesse momento pra se fortalecer.

A segunda dica refere-se ao abastecimento da sua parte emocional e é muito simples, descanse. O problema é que a maioria não descansa como acredita que faz. Descansar é conseguir relaxar de verdade, sem telefone, e-mail, tumulto e afins. Para facilitar, pense no lazer como uma ótima forma de fazer isso.

A terceira e ultima dica diz respeito ao reabastecimento físico. Quase obvio, diz respeito a exercícios e boa alimentação. Não vou escrever muito aqui porque isso é debatido e falado por muitos de muitas formas, mas atente pra isso porque pode estar aí a chave não só de um reabastecimento e sim de uma vida plena.