segunda-feira, 3 de maio de 2010

[parte 19] O mundo de Sofia - O renascimento

Jorunn estava esperando aflitamente Sofia chegar. Disse que sua mãe e seus pais tinham perguntado sobre Sofia e que ela tinha dado algumas desculpas, mas que a situação estava bem difícil. Sofia explica tudo, pede desculpas e corre para arrumar a bagunça.

Sofia chegou em casa e encontrou o almoço pronto. Depois do almoço subiu para dormir muito cansada. Teve novamente uma experiência meio assustadora com o velho espelho de latão que estava em seu quarto. Por um momento pareceu que uma estranha (Hilde) lhe apareceu no espelho. Como estava muito cansada decidiu ir dormir e pensar nisso depois.

Sonhou que estava em um lugar com uma moça de mesma idade que a sua. Essa moça não conseguia ver Sofia. Alguém a chamou com o nome de Hilde e ela saiu correndo. Ao fundo havia um homem de boina azul que a abraçou e rodopiou no ar, demonstrando imensa alegria ao vê-la. Sofia olha para baixo e vê que a moça esqueceu um cordão de ouro com um crucifixo. Pega-o na mão para levar à moça, mas acorda nesse momento.

Ao acordar e arrumar a cama, descobre uma corrente com um crucifixo embaixo de seu travesseiro e se aborrece muito com essa situação dado que mais uma vez não tinha a menor idéia do que estava havendo.

No domingo, Sofia se levanta para tomar café. Algo raro dado que sua mãe dificilmente acordava antes que ela, mas quando isso acontecia o café era maravilhoso.

Sua mãe a informa que há um cachorro no quintal. Sofia imediatamente reconhece Hermes e vai até o quintal para encontrá-lo. Diz a sua mãe acreditar que o cachorro tenha o endereço de sua casa na coleira e que iria levá-lo para seu dono. Sofia então sai de casa seguindo Hermes e segue-o por toda a cidade, andando quase 2 horas e atravessando toda a cidade.

Quando chega a um velho bairro, Hermes arranha a porta de uma das casas parecendo indicar a alguém que tinha chego. Sofia olha atentamente na caixa postal da casa e vê um cartão postal. Pega-o e vê que era um cartão postal pra Hilde dizendo que Sofia iria encontrar naquele momento seu professor de filosofia. O cartão também trás uma comparação entre a vida de um homem e os períodos da humanidade (a antiguidade = infância do homem, a idade média = a fase escolar do homem e a o renascimento = à juventude do homem) dando uma espécie de introdução para o que Sofia iria aprender naquele dia.

Sofia entra na casa de Alberto (seu professor ex-misterioso) e o encontra vestido com uma roupa parecida com a de um palhaço (roupa característica da época Renascentista e até hoje usada pela guarda do Vaticano). Sofia conta a Alberto sobre o cartão. Alberto reage com certa ira ao saber dizendo que “o cara” estava muito audacioso, mas Sofia não entende muito o que ele quis dizer. Então Alberto inicia sua “aula” dizendo que irá falar sobre o renascimento e seus principais ícones.

Sofia percebe então o quão esquisito era a casa de Alberto. Havia inúmeras “quinquilharias” antigas e comenta sua estranheza com Alberto. Alberto explica que aquelas peças eram mesmo peças muito antigas e de colecionador. Algumas até valiam pequenas fortunas, então começa sua aula.

Por Renascimento entende-se um período de apogeu cultural que iniciou no final do século XIV. Ele começou no Norte da Itália e depois se expandiu rapidamente rumo ao norte ao longo dos séculos XV e XVI.

A palavra Renascimento foi usada para referenciar quando o homem começa a reviver os conhecimentos adquiridos na antiguidade, libertando-se do espírito opressor da igreja (vigente na idade média), portanto há o renascimento dos conhecimentos da antiguidade e há também o renascimento do homem.

Essa época foi marcada pelo surgimento de diversos conceitos voltados para o homem e seu comportamento como o individualismo, a dignidade do homem e o homem renascentista (com diversas quebras de paradigmas de comportamento e pudor).

Também teve o surgimento de novos métodos científicos onde não mais havia a limitação de se basear apenas em documentos antigos de outros estudiosos (pratica comum na idade média). Agora seria reutilizado o método empírico de pesquisa, onde os estudiosos iniciariam com suas próprias experiências usando seus sentidos, como já eram feito na antiguidade, mas enfatizando a importância de se expressar numa linguagem precisa como a matemática. Surgem alguns nomes célebres como Galileu Galilei, Francis Bacon, Copérnico, Johannes Kepler, Isaac Newton e muitos outros.

Em 1953, Copérnico surgiu com uma idéia que a Terra girava em torno do Sol, indo de encontro com o que se acreditava até então. Ele também afirmava que a trajetória que a Terra fazia em torno do Sol era circular. Com essas afirmações, é criado o conceito de visão heliocêntrica do mundo, onde o Sol passa a ser o centro de tudo. Mas Copérnico não tinha nenhuma prova substancial para validar sua afirmação.

Então, no início do século XVII, Johannes Kepler apresentou resultados que comprovavam as suspeitas de Copérnico. Kepler afirma, porém, que a trajetória que a Terra faz e torno do Sol é elíptica e prova isso com exaustivas observações. Kepler avança em seus estudos e comprova que os planetas se movimentam tanto mais rapidamente quanto maior é sua proximidade do sol e mais lentamente quando sua menor é sua distância do mesmo. Por fim, ele afirma que essas mesmas leis físicas valem para todo o universo.

Mais ou menos na mesma época, Galileu Galiei conseguiu observar com mais detalhes corpos celestes como as crateras da Lua e as quatro luas em volta do planeta Júpiter, mas sua descoberta mais importante foi a lei da inércia em que afirma “todo corpo permanece em estado de repouso absoluto ou de movimento uniforme em linha reta enquanto não é obrigado a alterar este estado pela ação de forças que atuam fora”.

Baseado nas pesquisas de Galileu e Kepler, Isaac Newton (1942 – 1727 d.C.) cria a descrição definitivas do sistema solar e dos movimentos dos planetas. Newton também explica precisamente o por que desses movimentos e formula a conhecida lei da atração universal (“todo objeto atrai outro objeto com uma força que cresce proporcionalmente ao aumento do tamanho dos objetos e diminui proporcionalmente ao aumento da distancia que separa os objetos”) formando a base da física que conhecemos.

No renascimento também encontramos rupturas nos comportamentos religiosos, criando uma nova visão de Deus. Estudiosos como Matinho Lutero e Erasmo de Roterdã reformaram conceitos que estavam, segundo eles, desviados da verdade principal. Não havia necessidade de atalhos para o perdão e conversa com Deus como era pregado e exigido. Indulgências e a figura da igreja não era necessariamente o único meio do homem se achegar a Deus. Surgem também às primeiras traduções da bíblia sagrada para as linguagens corriqueira da época (a bíblia até então só existia em Latim) e Lutero faz a primeira tradução da bíblia para o alemão.

Ao final da aula, Sofia pergunta a Alberto se Alberto é o pai de Hilde. Alberto afirma que não, mas chama Sofia de Hilde em um determinado momento, deixando Sofia mais confusa ainda. Sofia tenta fazer mais questionamentos, mas Alberto então diz que está cansado deixando claro à Sofia que desejaria que ela fosse embora. Sofia se despede de Alberto e, ao sair, escuta de Alberto “Até breve Hilde”.

Já na rua, continua confusa e começa a ficar nervosa com tanto mistério. Então lembra que está tarde e está sem dinheiro pra chegar em casa rapidamente. É quando acha uma moeda caída no chão na quantia exata para pegar o ônibus. Já no ônibus, percebe a coincidência e fica a pensar sobre tudo que está se passando, na aula de filosofia e nos mistérios que estão a cercando.