sábado, 13 de novembro de 2010

[parte 35] O mundo de Sofia - Final

Alberto leva Sofia a uma livraria e fala sobre alertá-la sobre alguns falsos filósofos que ele considera aberrações e mostra então a seção de Espiritismo e Esoterismo. Depois caminha para outro canto da livraria e dá um presente a Sofia que a deixa pasma: um livro chamado “O Mundo de Sofia”.

Sofia ajuda a Alberto em sua estratégia para tentar escapar do livro (e mente) do Major tentando distrair a atenção do Major. Então, na festa de aniversário de Sofia, em meio de muitos acontecimentos bizarros, Sofia se despede de sua mãe e desaparece no meio da mata com Alberto.

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Nesse ponto do livro, há duas narrativas diferentes. Uma narra a vida de Alberto e Sofia no mesmo “mundo” que do Major e a outra narrativa se refere a Hilde e seu pai.

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Sofia e Alberto aparecem em uma rua no centro de uma grande cidade. Percebem então que conseguiram se livrar e comemoram muito. Contudo Sofia percebe que as pessoas não a notam e até atravessam-na como se ela fosse um fantasma. Alberto explica que isso é normal porque são personagens fictícios no mundo real e chama Sofia para ir até a casa de Hilde.

No caminho, eles param em uma lanchonete porque Alberto estava desesperado por café. Como não consegue pegar ou tomar um café por ser uma espécie de espírito, grita de raiva. Nesse momento, surge uma senhora muito parecida (se não idêntica) a vovó de chapeuzinho vermelho. Ela fala com eles, pedindo pra Alberto não se chatear e falando que há um local onde eles vivem e há um bom café. Alberto e Sofia vão até um local onde muitos personagens fictícios vivem porque suas histórias ainda são contadas. A vovó explica que enquanto aquelas histórias que fazem parte for contadas, eles viverão. Havia personagem morando lá a mais de 100 anos. A vovó então diz que eles já tem suas casas reservadas e podem ficar lá o tempo que quiser.

Sofia e Alberto acham o lugar maravilhoso, mas pede pra Alberto ir até a casa de Hilde conhecê-la, antes de voltar e ficar ali. Eles saem e vão até a casa de Hilde, onde Sofia a vê pessoalmente, o que a emociona. Por alguns instantes tenta conversar com Hilde, mas sabe que Hilde não a escuta (embora Hilde sinta isso de verdade). Vê seu pai (o Major) chegando e presencia o encontro dos dois, carregado de muita emoção. Emociona-se ainda mais por entender que nunca terá um momento como esse. Alberto a consola dizendo que Hilde também não terá muitos momentos como o de Sofia em seu novo mundo mágico e que isso é o que se pode entender como viver a vida.

Sofia se despede de Hilde (e Hilde sente) e volta para viver no lugar mais incrível que jamais poderia sonhar.

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O pai de Hilde (o Major) chega em Copenhague (para aguardar sua conexão) e então é pego de surpresa com bilhetes e falas de sua filha por todo o aeroporto. Fica um tanto bravo por ver sua filha o guiar “remotamente” e por parecer que ela está em todos os lugares, mas entende a peça pregada por Hilde. Acha muito bem elaborada e fica até com certo ressentimento de ter feito isso com Sofia, na história que escrevera.

Ao chegar em casa, encontra sua filha num momento de muita emoção. Após um tempo e depois de muitas conversas de “recém chegado de viagem”, seu pai ainda fala bastante sobre o que pra ele seria o último capítulo do livro: o universo. Após conversar bastante sobre esse assunto, Hilde o abraça pela enésima vez agradecendo o presente mais incrível do mundo. Então cogitam em fazer isso novamente, com outro tema.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

[parte 34] O mundo de Sofia - Freud

Hilde acordou com o pesado fichário no colo e com a narrativa que tinha acabado de ler na cabeça “somos um planeta vivo... um barco navegando no oceano da vida”. Levantou, trocou de roupa e foi até a beira do lago. Pegou o barco e remou até o meio do lago com a narrativa sendo passada e repassada a todo o momento. Via a dança da natureza ao seu redor e chegou a sentir um pouco do que acreditava ser o sentimento de Drawin quanto navegou pelo mundo.

Após algum tempo, voltou a sua casa, tomou seu café e se pôs novamente a ler o fichário.

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Alberto então informa a Sofia que irá falar sobre Sigmund Freud. Sofia pede que ele se apresse pois em pouco tempo iria ter que ir embora. Alberto então começa a falar sobre Freud.

Podemos chamar Freud de filósofo da cultura. Ele nasceu em 1856 e estudou medicina na Universidade de Viena. Passou a maior parte de sua vida naquela cidade, justamente durante um período em que a vida cultural vienense perimentou uma fase de apogeu. Desde cedo Freud se especializou em neurologia. De fins do século passado até quase meados do nosso século, ele trabalhou na elaboração de sua “psicologia profunda” ou psicanálise.

Por psicanálise entende-se tanto a descrição da mente, da “psique” humana em geral, quanto um método de tratamento para distúrbios nervosos e psíquicos. Freud achava que sempre havia uma tensão entre o próprio homem e aquilo que o meio exigia dele. Não seria exagero dizer que Freud descobriu o universo de impulsos que regem o homem.

Para Freud, nem sempre a razão governa nossas ações. Consequentemente, o homem não é apenas um ser racional tão defendido pelos racionalistas do século XVII. Com frequências, impulsos irracionais determinam nossos pensamentos, nossos sonhos e nossas ações. Tais impulsos irracionais são capazes de trazer à luz instintos e necessidades que estão profundamente enraizados dentro de nós.

Mesmo aparentemente isso não sendo muito novo, Freud mostrou que essas necessidades básicas podiam vir à tona disfarçadas e tão modificadas que não
seríamos capazes de reconhecer sua origem. Assim disfarçadas, elas governariam nossas ações, sem que tivéssemos consciência disso. Além disso, Freud mostrou que as crianças também têm uma espécie de sexualidade. A afirmação da existência de uma sexualidade infantil causou repulsa entre os refinados cidadãos de Viena e fez de Freud um homem extremamente impopular.

Segundo Freud, quando veem ao mundo, os bebês satisfazem suas necessidades físicas e psíquicas de forma bastante direta e desinibida. Ele chama esse “principio de prazer” de ID. O id continua com a gente a vida toda, só que aos poucos vamos aprendendo a controlar nossos desejos a fim de nos adaptarmos ao nosso meio. Aprendemos a afinar nosso princípio de prazer com o principio da realidade. Freud da o nome de EGO a essa entidade reguladora. Mas pode acontecer de nós desejarmos intensamente algo que nosso meio não aceita ou sermos sempre tão censurados que, mesmo depois de adulto, simplesmente absorvemos as regras impostas e suprimimos alguns desejos totalmente. A isso Freud da o nome de SUPEREGO.

Após um longo período de experiência com pacientes, Freud chegou à conclusão que a consciência humana era apenas uma pequena parte de toda psique humana. Há outras partes chamadas por Freud de subconsciência e consciência.

Não podemos ter presente o tempo todo, todas as experiências que vivemos. Mas tudo o que pensamos ou vivemos e tudo de que nos lembramos quando pomos a cabeça pra funcionar Freud chama de “pré-consciente”. A expressão “inconsciente” significa, para Freud, tudo o que reprimimos. Quer dizer, tudo de que nós queremos nos esquecer a qualquer preço porque consideramos desagradável, indecoroso ou repulsivo. Quando temos desejos e prazeres que pra nossa consciência, ou para nosso superego, são insuportáveis, nós simplesmente os enfiamos no porão do inconsciente e assim nos livramos deles.

Esse mecanismo funciona em todas as pessoas sadias. Para algumas pessoas, porem, o ato de banir tais pensamentos desagradáveis ou proibidos é algo tão estressante que elas ficam doentes. É que aquilo que foi reprimido desta forma continua tentando emergir para o nível da consciência, de sorte que cada vez mais energia é desprendida para se manter tais impulsos longe da crítica do consciente.

Segundo Freud, algumas vezes mecanismos são usados pelo inconsciente para liberar alguns pensamentos proibidos. Um deles é o que Freud chama de “ato falho” ou algo que dizemos ou fazemos espontaneamente e que um dia tínhamos reprimido. Outro mecanismos é chamado por Freud de “racionalização” ou tentativas de mostrar a nós mesmo, e a outros, que temos outros motivos para fazer o que fazemos em certas situações e não revelamos os reais motivos que nos levaram a agir de certa maneira, simplesmente porque eles são constrangedores demais. Também há a “projeção” que trata-se do ato de transferir a outros as características que tentamos reprimir em nós mesmos.

Continuando, para Freud é importante prestar atenção aos sinais do inconsciente. Segundo ele, o “caminho real” que leva para o inconsciente passa pelos sonhos. Por essa razão, uma de suas mais importantes obras é o livro “A interpretação dos sonhos”, publicado em 1900. Nele Freud mostra que nossos sonhos não são meros acasos. Por meio dos sonhos, nossos pensamentos inconscientes tentam se comunicar com nosso consciente.

Conversaram ainda mais, mas Sofia pediu a Alberto que a deixasse ir embora dado a hora. Alberto, obviamente, consentiu, mas pediu a Sofia que lhe fizesse um favor. Como estava muito próximo a data limite para eles, segundo Alberto, era vital que Alberto pudesse correr com os preparativos da fuga de ambos, então pediu a Sofia que distraísse o Major em sua volta pra casa a fim de conseguir executar o que precisava. Sofia consentiu e saiu.