quarta-feira, 30 de junho de 2010

[parte 27] O mundo de Sofia - O iluminismo

Sofia acordou na manhã seguinte com sua mãe entrando no quarto com uma bandeja cheia de presentes e desejando feliz aniversário. Em suma o início da manhã foi como qualquer outro dia de aniversário. Sofia abriu seus presentes e sua mãe ficava relembrando de quando ela era criança.

Em um dado momento sua mãe sugere que acha melhor ficar em casa e não ir trabalhar. Sofia a questiona e sua mãe diz que está preocupada com a filha por achar ela muito perturbada no dia anterior. Sofia a interroga sobre o mesmo comportamento e sua mãe diz que ela estava se culpando por tudo isso. Também questiona Sofia se Alberto tem alguma relação com tudo isso. Sofia deixa claro que não e pede pra sua mãe ir trabalhar.

Pouco depois de sua mãe ter saído para o trabalho, Alberto liga na casa de Sofia e eles conversam sobre os acontecimentos. Alberto cita algo com relação a que suas aulas não podem ultrapassar o dia de São João e que, para ganhar tempo, irá encontrá-la para continuar seu curso de filosofia em um local já conhecido, “a cabana do major”. Sofia o interroga do porque e Alberto fala de que, dado os fatos anteriores, supõe que o Major até essa data retornará e a história a qual Sofia e Alberto estão inseridos deixará de ser produzida porque já terá chegado ao fim.

Mas Alberto cita que pretende arrumar um jeito de modificar um pouco o curso de toda essa história. Cita que quer usar a própria filosofia como arma, uma vez que, segundo Descartes, “Penso logo existo”. Cita então que pretende mostrar ao Major que eles, com isso, irão provar que não são somente personagens fictício que o Major use para ensinar filosofia para seu anjo Hilde, mas não revela nada a respeito por segurança.

Dito isso, Alberto passa a falar do assunto a que ligou, ou seja, falar resumidamente sobre o Iluminismo. Sofia tenta dizer que precisa ir a escola buscar seu boletim, mas Alberto a cobra sobre a postura de uma verdadeira filósofa e que deixe essa conversa de boletim de lado dado o momento em que estão vivendo, embora Alberto tenha plena certeza que Hilde jamais faria isso. Sofia então combina com Alberto que passará rapidamente na escola e irá para a cabana do major para que continuem.

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Hilde fica com a consciência pesada por ter faltado à aula em seu último dia. Seu pai a deixou sem argumentos. Mas estava torcendo por Alberto e Sofia no planejamento que estavam fazendo sobre mostrarem ao Major (seu pai) que realmente poderia ser mais que simples personagens de um livro direcionado para Hilde.

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Sofia passa na escola e, como em todos os outros aniversários, a história se repete. Comprimentos, desejos de boas férias, despedidas e outras formalidades. Sofia sai correndo em direção de sua casa para conseguir cumprir o combinado com Alberto, inclusive deixando Jorunn para trás dizendo que tinha um compromisso muito importante.

Ao chegar próximo à caixa postal de sua casa, Sofia vê mais cartões postais de feliz aniversários, inclusive com um “feliz aniversário” para ela diretamente (não apenas para Hilde como era de costume). Outro cartão trás mais uma vez o feliz aniversário para Hilde e cita que Sofia irá estudar sobre o Iluminismo.

Ao chegar à “cabana do major”, Sofia entre os cartões que recebeu. Alberto ignora-os e inicia sua aula sobre Iluminismo.

Depois de Hume, Kant foi o próximo grande construtor de um sistema filosófico. Mas a França também teve muitos pensadores importantes no século XVIII. Podemos dizer que o centro filosófico concentrou-se no começo desse século na Inglaterra, no meio do século ficou na França e no final do século ficou na Alemanha.

Nesse período, houve muitos pensadores de grande importância e um modo comum de se pensar tornou-se popular, a esse novo modo de pensar deu-se o nome de “Iluminismo”.

O primeiro ponto do iluminismo que merece destaque foi a revolta contra as autoridades e contra o autoritarismo que se instaurava na época, o qual impunha um conhecimento controlado e que deveria ser filtrado ou restrito para se evitar uma anarquia e/ou heresia em massa. Essa luta era em prol da defesa de uma visão cética de tudo. Isso seria vital para que um individuo pudesse encontrar respostas de uma maneira verdadeira e não viciada em pré-conceitos como era praticado (a essência de Descartes).

A revolta contra o autoritarismo não tardou a se voltar também contra o poder da igreja, do rei e da aristocracia. Então o racionalismo de Hume surge como um novo modo de encarar a religiosidade, ética e moral na visão dos iluministas.

Os iluministas também acreditavam que era uma questão de tempo até que todo o conhecimento fosse difundido entre todos, aniquilando por fim a ignorância e a irracionalidade surgindo assim uma sociedade iluminada e esclarecida. Esse movimento ficou conhecido como “otimismo cultural”.

A palavra de ordem passou a ser “de volta a natureza” e um consenso coletivo passou a permear a sociedade iluminista. Esse conceito foi criado e difundido por Jean-Jacques Rousseau. Ela afirmava que a natureza era boa e que o homem era naturalmente bom, portanto que deixava o homem mal era a civilização criada por ele mesmo.

Desse modo naturalista de pensar, surgiu o que foi chamado de “cristianismo humanista”. Embora nesse período já existissem os chamados ateus (aqueles que não acreditam de Deus), os iluministas acreditavam que, racionalmente falando, era impossível que um mundo tão perfeito não contivesse por detrás um Deus, seja Ele como for.

Por ultimo, nesse período foi criado o conceito talvez mais importante do movimento, “os direitos humanos” ou direitos naturais dos cidadãos. Esse direito garantiria acima tudo a liberdade de expressão e a garantia de que todos devem ser livres em se manifestar e adquirir conhecimentos. Essa primeira versão dos direitos da humanidade não previa a igualdade de maneira clara entre mulheres e homens. Foi somente no século XIX que esse direito foi mais bem definido.

Neste momento, Alberto olhou para o lago e disse que achava melhor encerrar por ali. Sofia não entendeu o “achava” e neste momento uma serpente marinha apareceu no meio do lago. Sofia ficou estarrecida com a visão, mas Alberto não esboçou nenhuma expressão. Após esse acontecimento bizarro, Alberto ficou mais triste aparentemente e ambos entraram novamente para a cabana do major. Então Sofia foi até o quadro na cabana que estava escrito Bjerkely e disse que suspeitava que Hilde morava ali. Abaixo do quadro havia 3 palavras: liberdade, igualdade e fraternidade.

Nesse momento Sofia se vira para a lareira e vê mais um cartão postal. Não se deu ao trabalho de ler o remetente, pois já sabia quem era. No cartão, o Major falava sobre o esquecimento de Alberto em citar que a filosofia do iluminismo foi de vital importância na construção dos ideais e princípios que constitui os pilares da ONU. Antes as palavras liberdade, igualdade e fraternidade tinham como objetivo unir a França. Hoje essas palavras têm como objetivo unir o mundo.

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A mãe de Hilde a chamou para jantar e Hilde foi procurar sobre a história de Olympe de Gouges, personagem ativa no iluminismo e precursora do movimento que deu igualdade entre homens e mulheres.