domingo, 11 de julho de 2010

[parte 28] O mundo de Sofia - Kant

Por volta da meia-noite é que o major Alberto Knag telefonou para deseja feliz aniversário a Hilde. Falaram principalmente sobre seu presente de aniversário, o fichário com o texto de “O mundo do Sofia”, e sobre alguns pontos que Hilde já tinha lido. Então Hilde foi se deitar meia hora depois, contudo antes ainda leu mais algumas páginas do fichário.

___________

Alberto e Sofia lidaram da melhor maneira possível com o novo cartão de aniversário para Hilde. Então Alberto comentou que concentraria seus esforços para ignorar os fenômenos estranho que vinham ocorrendo constantemente e, segundo eles, originados pelo Major. Então Alberto passou a falar sobre Kant com Sofia.

Immanuel Kant nasceu em Königsberg, na cidade da Prússia oriental em 1724. Era filho de um seleiro e passou quase toda sua vida na cidade natal, até falecer aos oitenta anos. Sua família era muito fervorosa na fé cristã, razão pela qual a convicção religiosa do próprio Kant foi um elemento muito importante para a sua filosofia pois ele também pretendia salvar o fundamento da fé Cristã.

Dos filósofos que falamos, Kant foi o primeiro a trabalhar como professor em uma universidade e um dos primeiros “especialistas em filosofia”, ou seja, além de filósofo ele era também um estudioso da filosofia e sua história.

Kant achava que tanto os sentidos quanto a razão eram fundamentais para o homem. Contudo ele acreditava que os racionalistas atribuíam uma importância exagerada para a razão e os empíricos faziam o mesmo para os sentidos.

Como ponto de partida, Kant concorda com Hume no que tange ao fato que os sentidos fornecem a base do que conhecemos e da percepção do mundo que vivemos. Mas ele também concorda com os racionalistas no que tange ao fato que a razão contém pressupostos importantes para o modo de como percebemos o mundo e tratamos nossos conhecimentos.

Use óculos com lentes vermelhas. Você verá todo o mundo a sua volta vermelho, mas isso não significa que tudo realmente seja vermelho. É essa alusão que Kant usa para exemplificar que os sentidos nos ajudam a perceber/conhecer tudo, mas nossa razão fornece uma lente ou prisma para interpretarmos o que vemos e conhecemos.

Kant então chama a atenção para que o homem, como possui o “guia” da razão para lidar com o que percebemos e sentimos, tem implicitamente limitações no que consegue compreender dado as limitações impostas pelo seu "guia". Sendo assim, questões como “vida após a morte”, “céu”, “inferno”, “universo” e outras mais devem fazer parte de nossa vida e das nossas “eternas questões”, mas nunca o homem conseguirá realmente respondê-las de modo definitivo.

Dado esse “limitador” natural, Kant afirmava que essas discussões não significavam que estamos querendo de fato responder a essas questões. Estamos, na realidade, tentando trazer a tona um conceito que foge da corrente racionalista e empírica, o elemento “”. Para Kant, a fé não é sentido ou razão, ela é a forma que encontramos de explicar o que pra nós nunca será explicável.

No campo social, Kant não acredita que nossa regência moral seja baseada somente nas emoções ou venha intrinsecamente gravada em nossa emoção. Para Kant, existe o que ele chama de “imperativo categórico” onde há leis gerais, imutáveis e definidas que regem todos e em qualquer lugar que um homem se encontre. A isso ele chama de “lei moral” e postula: “Devemos agir de modo a podermos desejar que a regra a partir da qual agimos se transforme numa lei geral” ou, em suma, “Devemos agir apenas segundo aquelas máximas através das quais possamos desejar que virem leis universais”.

Nessa linha, Kant também diz que temos verdadeiramente liberdade quando conseguimos agir racionalmente mesmo quando nossas emoções ditam sentido opostos. Sem isso fica impossível praticarmos a lei moral porque constantemente somos reféns de nossos desejos criados pelas nossas emoções ou sentidos. Se conseguimos romper isso, somo seres livre para efetuarmos escolhas, caso contrário somo seres irracionais como os animais.

Tendo dito isso, Alberto pediu a Sofia que refletisse sobre os estranhos acontecimentos que estavam lhes ocorrendo e que percebesse que tudo aquilo era fruto de seus sentidos. Como acabara de falar, eles eram livres pra julgar se o que viam eram algo que devessem ou não se aceitar, afinal eles eram livres pra isso. Baseado nessa liberdade, Alberto afirmava que estava trabalhando em algo fantástico para eles para que conseguissem se livrar do Major, mas que no momento não poderia lhe dizer nada, bastava que eles prosseguissem com suas aulas.

No cominho de volta a sua casa Sofia, achando a coisa mais estranha possível, encontra-se com o “ursinho Pooh” dos desenhos animados. Ele têm uma carta que deve ser entregue a uma tal de “Hilde do espelho” nas palavras dele. Sofia diz que pode fazer isso e ajuda o ursinho.

Na carta, o pai de Hilde afirma que Alberto não citou uma das coisas mais importantes sobre Kant. Foi Kant que criou a idéia da criação de uma “liga das nações” com o objetivo de gerir a idéia da coexistência pacífica entre todas as nações. Segundo Kant, isso aconteceria depois que os homens começassem a ver (através do que ele chama de “razão prática”) que somente com a paz todas as nações poderiam realmente ganhar e lucrar, abandonando assim o que Kant chama de “estado natural”, ou seja, o impulso emocional destrutivo do homem que só pensa sem si. Essa idéia se torna real em 1920 (após a grande guerra) e a conhecemos hoje como ONU (Organização das Nações Unidas).