sexta-feira, 30 de julho de 2010

[parte 29] O mundo de Sofia - O Romantismo

Hilde esticou as pernas, deixando escorregar o fichário. Depois colocou-o no chão. Dormiu até às onze horas quando acordou e desceu pra tomar café. Sua mãe a chamou para ajudá-la na manutenção do barco (barco que seu pai gostava muito) mas Hilde disse que preferia voltar a ler.

Depois de comer, Hilde voltou para seu quarto, arrumou a cama e ajeitou-se confortavelmente com o fichário apoiado nos joelhos.

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Sofia voltou pra casa. Encontrou sua mãe preparando uma recepção para alguns convidados. Mesmo que a festa principal de aniversário seria ainda no sábado, sua mãe havia decido receber os mais próximos de Sofia.

Quando Jorunn chegou um pouco mais tarde, Sofia a convidou para elaborar o texto de seu convite de aniversário. O tema da festa seria “festa filosófica” e as duas se divertiram muito elaborando o texto filosófico da festa.

Só na terça-feira Alberto ligou para Sofia falando que havia demorado em entrar em contato porque estava trabalhando duro para o plano deles. Ele cita também que irá a festa e lembra que o Major voltará para Bjerkely no mesmo dia e combina com Sofia de se encontrarem na cabana do major para continuar as aulas de filosofia. Sofia confirma e na hora marcada vai até a cabana para continuar os diálogos filosóficos com Alberto.

O Romantismo foi a ultima grande época cultural da Europa, chegando ao final de uma longa história. Ele começou em fins do século XVIII e durou até meados do século XIX. Depois de 1850 não faz muito sentido falarmos de épocas inteiras que compreendem igualmente a poesia, a filosofia, a arte, a ciência e a música.

As novas palavras de ordem eram “sentimento”, “imaginação”, “experiência” e “anseio”. Alguns pensadores do Iluminismo também tinham alertado para a importância dos sentimentos e criticado o fato dos iluministas enfatizarem em demasiado a razão.

Há muitos paralelos entre o Renascimento e o Romantismo. Um deles é a importância que se na ao papel da arte no processo de conhecimento humano. Kant e os Românticos afirmavam que um artista pode nos dizer coisas que um filósofo não é capaz de nos dizer. Isso porque para eles nem sempre podemos expressar tudo em palavras, então a arte entra como uma língua de expressões sentimentais. O artista cria a sua própria realidade nos moldes da criação do mundo por Deus. O anseio por coisas longínquas e intangíveis foi um traço típico dos românticos. Isso desperta interesse pelos tempos passados e por outras culturas como a cultura oriental.

O Romantismo foi, sobretudo, um fenômeno urbano. Os “românticos” típicos eram jovens, muitas vezes estudantes, embora nem sempre alunos exemplares. Há paralelos claros entre eles e a cultura hippie que viria nos tempos mais atuais. Para os românticos a ociosidade era o ideal do gênio e a indolência a primeira virtude do romântico. Era dever do romântico viver a vida, ou imaginar-se distante dela. As obrigações e tarefas cotidianas eram preocupações dos “filisteus”.

Os românticos viviam pouco e morriam de doenças como a tuberculose, quando não se suicidavam. Os que viviam mais acabavam por deixar de ser românticos e se tornavam burgueses e conservadores.

O amor intangível era um traço marcante dessa época assim como o amor pela natureza e por sua mística. Isso remota aos quadros de paisagens belas uma vez que os românticos, por viverem em cidades, focavam enormemente a natureza intocada.

O Romantismo também foi uma reação à visão de mundo mecanicista do Iluminismo. A natureza volta a ser vista como um todo, relembrando Spinoza, Plotino e aos filósofos do Renascimento. A natureza era vista com um grande “eu” e os românticos usavam expressões como “alma do mundo” ou o “espírito do mundo” para se referenciar a ela.

O filósofo mais importante do romantismo foi Friedrich Wilhelm Schelling (1775–1854). Ele tentou suprimir a divisão entre “espírito” e “matéria” dizendo que a natureza inteira, tanto alma quando a realidade física, era expressão de um único Deus ou “espírito do mundo”. Para Shelling, a natureza era o espírito visível e o alma o espírito invisível pois por toda parte podemos sentir e perceber um espírito ordenador, estruturador.

Então Alberto prosseguiu falando sobre detalhes do Romantismo à Sofia.

Após algum tempo, um rapaz de turbante apareceu dizendo que era Aladim e, ao esfregar sua lâmpada, surge um gênio que deseja novamente feliz aniversário a Hilde, mesmo sabendo que a data do seu aniversário possivelmente já havia passado.

Alberto fica com uma grande cara de descontentamento, sempre dizendo que o Major não passa de um metido, mas que no fundo entende que ele só quer ensinar seu anjo, Hilde, sobre essa tão preciosa filosofia. Diz então que, para o Major ter feito isso, deve ser devido ao fato do Major estar com sono e seria precisamente nesse momento que Alberto e Sofia teriam alguma chance.

Então Alberto e Sofia suplicam a Hilde que não deixe barato essa história com o Major. Também convidou ao Major, Hilde e ao leitor do livro a pensar que, mesmo o Major usando eles para ensinar filosofia a Hilde, quem sabe não havia alguém também usando o Major e Hilde para ensinar filosofia da mesma forma, ou seja, que sabe o Major também não estaria sentindo um pouco de seu próprio veneno hein?