A terapia pode ser um vício?
Nem todo mundo que procura a terapia realmente deseja lidar
com seus verdadeiros sentimentos. O objetivo de algumas pessoas é simplesmente
fazer com que seus problemas desapareçam, sem de fato procurar entende-los.
Quando a terapia é usada desta forma, ela corre o risco de se tornar uma
espécie de droga viciadora. A tentativa de evitar sentimentos difíceis conduz
ao vício, não a genuína expressão deles.
Jesus acreditava que precisamos confiar em Deus. Para ele,
Deus era a fonte suprema de forma e poder para viver a vida. Algumas pessoas
religiosas criticam a terapia acreditando que ela nos afasta de Deus. Em geral,
quem acha isso tem pouca experiência com a terapia ou tentou usá-la como vício.
Descobri que, pelo contrário, as pessoas que se tornam mais maduras e
conscientes através da terapia conseguem aprofundar a sua confiança em Deus e
nos outros com muito mais liberdade.
Para Jesus, não havia conflito entre confiar em Deus e
depender dos outros. Ele dependia dos amigos mais chegados e os estimulava a
depender dele de uma maneira que fortalecia a confiança deles em Deus. A nossa
capacidade de contar com os outros compartilhando os nossos sentimentos mais
íntimos aprofunda a nossa capacidade de ter fé.
Principio Espiritual: “A terapia é um processo de
dependência saudável.”
Ter necessidade não faz de nós pessoas carentes
Jesus encorajava as pessoas a confiarem nele e a contarem
com ele. Ele não encarava a dependência como um problema, mas como algo
necessário para uma vida espiritual realizada. Jesus compreendia que os seres
humanos precisam depender de Deus e dos outros para sobreviver. Tentar ser
totalmente independente significa rejeitar a nossa natureza fundamental. Para
Jesus, a nossa capacidade de ser vulneráveis e escolher a nossa dependência é
que nos conduz à totalidade. Aqueles que recusam a ser dependentes estão apenas
fingindo que têm tudo do que precisam.
Principio Espiritual: “Ter necessidade não nos torna
carentes.”
Como encontrar a serenidade
Desenvolvemos a capacidade de nos acalmar ao sermos tranquilizados
por aqueles que se preocupam conosco. Podem ser os outros, mas podemos ser nós
mesmos quando nos fortalecemos emocionalmente. O motivo pelo qual muitas
pessoas se voltam para os vícios é o fato de nunca terem tido no passado alguém
que as ajudasse a sentir-se seguras, desenvolvendo assim a capacidade de
serenar a si mesmas. Elas usam o vício para se acalmar artificialmente ou para
evitar o medo.
Jesus sabia como encontrar a serenidade: permanecendo ao
lado de Deus. Todos estão em busca de segurança e só podemos encontra-la se nos
sentirmos protegidos dos perigos existentes na vida. Onde no universo
poderíamos encontrar um lugar mais seguro do que ao lado no nosso Criador?
Jesus acreditava que só então poderíamos encontrar a paz de espirito. Para ele,
aqueles que encontram a verdadeira serenidade nunca estão sozinhos.
Principio Espiritual: “As pessoas verdadeiramente serenas
nunca estão sozinhas.”
A cura é o amor
Os viciados amam os ídolos, mas estes não podem retribuir o
amor. O vício impede o amor de amadurecer. Quando as pessoas escolhem um objeto
como substituto ao amor, o amadurecimento dela é interrompido. Quando os
viciados conseguem renunciar ao seu apego aos ídolos e descobrem a alegria de
se relacionar com pessoas capazes de amá-las ficam maravilhados. Jesus ensinou
que devemos amar e ser amados para amadurecer espiritualmente e que a idolatria
do vício impede que isso ocorra.
Jesus acreditava que o amor é a força mais poderosa do
universo. Ele ensinou que Deus é amor e que o amor é a força criativa que
supera todos os problemas do mundo. O amor é o ponto central dos ensinamentos
de Jesus e é o elemento para a cura do coração humano.
Principio Espiritual: “O amor cura.”
Por que Deus odeia a idolatria
Jesus conhecia o ensinamento do Antigo Testamento: “Não
farás para ti ídolos com a forma de qualquer coisa que exista em cima, nos
céus...” (Êxodos 20:4). Ele falou do ciúme de Deus, não no sentido da
insegurança por medo de perder o seu valor para outra pessoa. Deus quer
proteger o mundo do jeito como o criou e fica indignado diante das tentativas
de alterar a ordem natural do universo.
Jesus ensinou que a imagem visível de Deus na Terra não é
uma coisa ou um objeto e sim a capacidade criativa de se relacionar. Deus fica
indignado com a idolatria porque ela é uma tentativa de substituir a capacidade
divina amorosa dentro de nós por uma “coisa”. Ele nos conferiu a capacidade
essencial de nos relacionarmos uns com os outros e com ele. Por conseguinte, a
imagem de Deus na Terra não é um objeto que um dia degenera e será destruído,
mas a capacidade eterna de se relacionar que transcende o tempo.
Principio Espiritual: “Amar os outros é a expressão visível
de Deus.”
Texto extraído do livro "Jesus, o maior psicólogo que já existiu", escrito por Mark W. Baker, editora Sextante, 2010.