sábado, 13 de março de 2010

[parte 07] Quem é você quando ninguém está olhando? - O AMOR COM FIRMEZA

“Serpentes! Raças de víboras! Como vocês escaparão da condenação do inferno?”

É com frases assim que o autor inicia esse capítulo. Embora quem a proferiu (Jesus Cristo) seja o ícone do amor até os dias de hoje, tais frases parece não condizer com seus ensinamentos quando se observa o contexto delas. Isso mostra que o amor também deve ser firme em determinados momentos. Mas por quê? Para honrar a verdade. Não a meia verdade ou aquilo que queremos dizer, mas a verdade pura, simples, direta.

Para aqueles que gostam do racional, amor engloba ser honesto, ser franco e a franqueza leva a verdade. Muitas vezes temos a obrigação de falar francamente, sem rodeios para evitar confusões e mal-entendidos. Você pode usar tons mais brandos para falar em alguns casos, mas o segredo é ser sincero e ir direto ao ponto.

O engraçado é que esse assunto tem um lado muito peculiar que passa desapercebido para muitos, inclusive os duros de coração que em teoria fazem isso com mais facilidade.

José começou um namoro com Maria e tudo está muito bem. O tempo vai passando e Maria percebe algumas ações em José que lhe incomodam. Maria pensa em como vai falar isso com José, mas sem que isso vire uma briga entre eles. Então um dia, um amigo de José (Antonio) faz algo idêntico a aquilo que Maria não gosta em José. Maria aproveita para fazer um comentário sutil: “Eu não gostei nada do que o Antonio fez, alias não gosto de ações assim feitas por ninguém”. José acata aquilo como um comentário de sua amada sobre seu amigo, pensa em até dar um toque pra ele se for o caso, mas decide deixar pra lá. Maria por sua vez vê uma raiva crescendo dentro dela porque percebe que José, mesmo depois de seu comentário, não mudou em nada.

Começa então um ciclo. Toda vez que José repete a ação que Maria não gosta, sua raiva cresce até que chegará um dia que isso atingirá um limite. O tempo passa e, certo dia, José faz um ato simples que Maria não se agrada. Uma explosão acontece, uma briga gigante se inicia e na mente de José só passa uma coisa “Mas porque Maria ficou tão furiosa por essa ação tão simples?”, então José se assusta e começa a achar que na verdade Maria não lhe ama como achava. Maria por sua vez já está achando a muito tempo que José não a ama, senão já teria parado com aquela atitude que lhe incomoda a tanto tempo e que, diga-se de passagem, ela já deixou bem clara que a incomodava.

Essa historinha acima resume uma vasta cadeia de desentendimentos hoje. São desentendimentos nos relacionamento, entre amigos, no trabalho, família. Todos seguem essa mesma linha de ação. O que é preciso fazer pra quebrar o ciclo. Como tentar não cair nesse ciclo?

Preservar a harmonia ou dizer a verdade direta?

Acredito que o mais interessante é manter um bom senso entre coisas que realmente importam e outras que servem mais para mantermos a regra da verdade direta. Uma dica importante é, no mínimo de dúvida, a verdade direta sempre.

Deixar as pessoas com suas ações lhe prejudicarem (seja em que sentido for, mesmo que mínimo) não fará bem a você, que começará a nutrir certo sentimento por conta disso, e nem à pessoa em si, que não saberá que aquilo o está prejudicando.

Contudo é obvio que dizer a verdade direta, na maioria das vezes, trará incômodos. Então...

Prepare-se para ser firme

A primeira coisa que precisa fazer é deixar bem claro pra você o que realmente te incomoda. Esse é um trabalho individual e que precisa ser exercitado, mas consiste em responder algumas perguntas importantes:
  • Qual a causa real e específica do problema ou da insatisfação?
  • É algo grande ou pequeno pra você?
  • É algo que se pode evitar ou é inevitável?
Após isso bem claro, examine seu estado emocional. Você está emocionalmente preparado para falar sobre isso com a pessoa afim de realmente resolver? Está certo que se houver alguma hostilidade ou resistência, não irá acabar em briga?

Passado essas duas etapas, você precisa escolher o lugar e momento certo. Há assuntos que não dá pra conversar em um elevador ou durante uma reunião de trabalho. É bom ter o mínimo de bom senso em abordar a pessoa em um momento que ela fique mais receptível.

Enquanto isso reserve alguns momentos do seu dia para pensar e se preparar sobre isso. Reflita sobre o que vai falar e principalmente em como vai falar. Faça a seguinte pergunta: O que alguém com a mentalidade do amor falaria no momento da conversa?

Voltando ao nosso exemplo... Após Maria sentir-se incomodada com aquelas ações de José, ela pensa se aquilo realmente algo que lhe vai incomodar sempre. Descobre então que é. Pensa então se é algo que José vai ficar muito aborrecido em ser abordado e já sabe que sim, ele vai ficar bem aborrecido.

Passa algum tempo a pensar sobre como falar com José sobre isso sob a óptica do amor, então em um dia que estão sozinhos em um parque, Maria chama José para sentar e começa:
- Sabe, percebi que ao longo do tempo que estamos juntos, você sempre faz uma determinada ação. Contudo isso está me incomodando...

Então Maria explica o porque de seu incômodo, que está trazendo isso a ele para que possa entender e tentar achar algo bom para os dois e etc. José fica furioso com isso e se coloca a falar alto e discutir. Maria, que já está com seu espírito preparado e calmo, não dá prosseguimento a discussão e aguarda José se acalmar. Assim que ela vê que ele está mais brando, procura entender melhor o motivo do nervosismo dele e trata-o de maneira a respeitar seus motivos iniciais. Geralmente essa conversa acaba muito bem depois da tempestade, mesmo que essa tempestade dure dias. Será ações assim que vão tornar o casal mais unido e confiante um no outro, desde que isso seja praticado por ambos.

Há os casos que a pessoa não aceita ceder, ajustar. Nesses casos não é a ação que lhe incomoda o alvo da preocupação e sim o relacionamento como um todo. Compensa continuar dessa forma? Alguém que ama de verdade poderia ceder nisso? Acredito que isso daria muitos posts (risos).