sábado, 17 de abril de 2010

[parte 17] O mundo de Sofia - Jesus Cristo

Vamos ver rapidamente o pensamento e crença cristã até os dias de Jesus Cristo. Tudo começa com a criação do mundo por Deus, inclusive de sua imagem e semelhança: Adão e Eva. Esses residem em um local perfeito, o paraíso. Adão e Eva se rebelam e Deus os castiga expulsado-os do paraíso. A partir desse momento a morte passa a fazer parte do mundo.

A desobediência faz parte de toda a história do homem e seu relacionamento com Deus. Vários lideres surgem e “corrigem” o caminho do povo de Deus (os israelitas). O ultimo grande líder foi Davi que fez os israelitas terem o pico de plenitude em termos de povo.

Depois de Davi, o povo cai novamente em declínio e é escravizado. Vários profetas então surgem dizendo que um novo líder iria surgir para libertar, não só os israelitas, como toda a humanidade do mal que ela estava inserida. Segundo esses profetas, o reino de Deus iria surgir e reinar sobre toda a terra.

Jesus Cristo

Eis que surge então Jesus Cristo, o líder dos líderes. Mas o que Cristo realmente fez não é mostrado tão claramente nos dias de hoje. Ele é o primeiro profeta da história a admitir publicamente que é filho de Deus, além de ser o único. Até então nenhum dos profetas registrados assumia para si tamanha responsabilidade. Jesus se auto proclamava filho de Deus e também vive como tal, o que mostrava a todos uma prova de suas palavras.

Segundo, Cristo é o primeiro homem que distribui o perdão aos outros. Desde prostitutas até funcionários corruptos do governo. Ele não só perdoa como diz que alguns desses são mais dignos do seu Pai do que os doutores da lei da época, se esses pecadores se arrependessem de verdade. Veja, isso é um afronte de uma magnitude jamais vista em toda história da humanidade. É como se hoje um líder de uma igreja pudesse permitir um ladrão (que se redimiu) entrar no paraíso celestial e condenar um juiz de direto ao inferno porque o juiz simplesmente é esnobe ou metido. Uma mudança extremamente radical na época do “olho por olho e dente por dente”.

Terceiro, o povo esperava um general, um rei, um líder que libertasse o povo a ferro e fogo. Mas Jesus traz novamente algo nunca jamais visto. Ele passa a afirmar que o verdadeiro reino de Deus (pregado pelos profetas) era o reino do amor e não um local geográfico. Ele passa para o plano da emoção a resolução dos problemas que o povo tinha e que estavam fundados no plano material.

Quarto, Sócrates morreu por forçar o povo a pensar racionalmente. Jesus morreu (e uma morte mais sofrida que a de Sócrates) por expor e defender um amor incondicional.

Em suma, mesmo que não tenhamos a ótica da religião cristã, Jesus Cristo foi um homem extraordinário em suas idéias e ações. Isso motiva e gera até os dias atuais milhões de adeptos “pós-morte”, inclusive Paulo, um dos mais célebres pregadores cristãos de todos os tempos.

Paulo teve seu encontro com os filósofos da época na cidade de Atenas. Estamos falando do encontro de duas correntes de pensamentos que se chocam em vários aspectos. Esse encontro foi no mercado de Atenas e é narrado na bíblia quando Paulo discursa aos atenienses. No discurso, Paulo fala que ele é o mensageiro do “Deus desconhecido” e que ele traz a boa nova, a hora dos atenienses saberem da verdade e dogmas cristão. Então ele ensina brevemente o proceder cristão para que todos possam salvar suas almas.

Nessa época existiam outras religiões e credos nascidos do helenismo, mas nenhum foi suficiente para derrubar a domínio da religião cristã. Principalmente no que se referia ao humanismo cristão. A religião cristã era (e acho que ainda é) a única em que Deus se fez em homem (não em meio homem, meio Deus como os atenienses escutavam), morou com os homens, viveu como homem, morreu como homem mas ressuscitou como Deus. Algo mais uma vez extraordinário frente ao que se via até aqueles dias. Por isso o cristianismo se espalhou sobre toda a terra em uma velocidade impressionante até para os dias atuais.

Sofia acabou de ler aquelas folhas e ficou a pensar em como seria um povo que ansiava a liberdade de um cativeiro. Ficou a pensar também no paradoxo que Jesus quebrou ao trazer tanta mudança de uma só vez à humanidade. Começou a entender o motivo da sua crucificação (afinal o homem tende a matar o que não conhece e que ameaça o seu conforto). Saiu de seu esconderijo e voltou ao ser quarto para guardar as novas folhas ao seu livro de filosofia.