quinta-feira, 8 de abril de 2010

[parte 12] O mundo de Sofia - A cabana do major

Sofia percebeu que ainda era cedo e decidiu andar pela mata para tentar achar o caminho que Hermes fez. Sabia que seria um tiro no escuro, mas também sabia que não havia muitas trilhas na mata, por isso resolveu continuar.

Encontrou algumas encruzilhadas pela frente e sempre escolhia o caminho mais largo o que acreditava ser um caminho que alguém estivesse usando recentemente. Após algum tempo de caminhada, chegou a um lago. Do outro lado havia uma pequena cabana de madeira pintada de vermelha que apresentava sinais de ter gente murando.

Viu que se tentasse se aproximar da casa dando a volta, se encharcaria dado que o terreno ficava lamacento e ligeiramente alagado mais a frente. Viu um pequeno barco ancorado com um remo e decidiu subir para atravessar o lago. Não acreditava que estava fazendo aquilo, mas algo lhe dizia que precisava.

Ao chegar a cabana, percebeu que realmente alguém vivia lá por ver indícios claros dentro da casinha, inclusive pelos de cachorro da cor do Hermes, máquina de escrever, papéis e um envelope com seu nome. Ali morava Alerto Knox sem dúvida.

Viu também um pequeno espelho velho que mal conseguia refletir corretamente sua imagem. Ficou fazendo algumas micagens na frente do espelho quando de repente percebeu que a imagem do espelho (ou a Sófia do espelho) piscou pra ela com quem queria dizer que estava ali a vigiando. Sofia estremeceu por inteiro e nesse mesmo instante ouvi latidos vindos ao longe. Eram Alberto e Hermes vindo.

Sabia que tinha que sair antes que fosse tarde, então viu uma carteira verde. Não entendendo direto o porque fazia aquilo, abriu a carteira e viu uma carteirinha de estudante da “Escola de Lillesand” com a foto de uma moça loira chamada “Hilde Moller Knag”. Sofia empalideceu e ouviu novamente o cachorro, mas percebeu que estava bem perto, perto até de mais.

Saiu as pressas do lugar, mas pegou o envelope com seu nome. Quando chegou a beira do lago para subir no barco e voltar de onde veio, viu a imagem do barco ao longe e os remos flutuando. "Como foi fazer isso?" pensou mais abalada ainda. Os latidos já estava quase onde ela estava e já dava pra ouvir os passos de alguém chegando.

Sem outra saída, se atirou na mata em direção ao terreno encharcado. Se molhou e se sujou toda mas conseguiu atravessa o terreno, chegando à trilha que a levava de volta. Só ai ela conseguiu parar e chorar. Porque fazer tudo isso? Como poderia pegar algo dentro da casa dos outros sem permissão? Tinha seu nome escrito, mas isso daria a ela esse direto? Era invadindo e xeretando nas coisas de seu professor que ela o agradeceria pelo tempo e ensinamento ministrados? Isso tudo passava em sua cabeça junto com a profunda decepção consigo mesma.

Abriu o envelope e havia mais algumas perguntas, dando a pista do que viria em sua próxima lição (se é que teria uma próxima):
  • O que veio antes, a galinha ou a “idéia” galinha?
  • O homem possui idéias natas?
  • Qual a diferença entre uma planta, um animal e o homem?
  • Porque chove?
  • Do que o homem precisa pra viver uma boa vida?
Sofia não conseguia pensar nessas questões agora, estava muito aflita.

Chegou em casa e sua mãe estava ao telefone falando com sua amiga Jorunn para saber de seu paradeiro. Sua mãe a vê toda suja e molhada e lhe cobra uma explicação disso e de tudo que estava acontecendo.

Como geralmente falamos a verdade quando estamos meio apavorados, Sofia conta sobre a mata, a cabana, o espelho e o ocorrido com sua imagem, mas consegue ocultar as cartas e suas aulas com o professor misterioso. Sofia percebe que sua mãe ficou satisfeita com a explicação então se acalma também.

Sua mãe então fala que aquela cabana é conhecida de todos e é chamada de “Cabana do Major”. Segundo sua mãe, um velho e estranho major morou lá por algum tempo. Sua mãe também diz que ninguém mora lá a anos e Sofia argumenta falando que um filósofo mora lá. Sua mãe então pede pra parar com essa imaginação demasiada e Sofia não fala mais nada pra manter o bom ambiente que conquistou.

Mais tarde e mais calma, Sofia pega um papel e um envelope cor de rosa e escreve uma carta ao professor misterioso. Na carta ela diz que não aceita muito as idéia de Platão, mas precisa pensar ainda mais um pouco. Emenda pedindo desculpa por todo o ocorrido e prometendo que não fará isso novamente se ele estiver disposto a perdoá-la. Por ultimo garante que fará sua lição de casa analisando filosoficamente as perguntas que tinha na carta que pegou na cabana.

Então após escrever a carta passa a pensar filosoficamente nas questões por um longo tempo até que sua mãe a chama pra almoçar. Seus pratos preferidos estavam a mesa e ela, junto com sua mãe, conversam sobre várias coisas. No final sua mãe fala sobre sua festa de 15 anos e quem serão seus convidados. Sofia não se importa muito, mas vê que a mãe está empolgada dado que sempre foi muito importante ela.

Sua mãe insinua acreditar que não mudou muito fisicamente desde sua festa de 15 anos. “Não mudou mesmo” – diz Sofia, e continua – “Nada muda. Você só se desenvolveu, ficou mais velha”.

Sua mãe a elogia pela resposta madura, embora acredite que seja muito cedo pra isso.