sábado, 21 de setembro de 2013

Conhecendo o seu verdadeiro valor

Quando Jesus e os discípulos continuaram a seguir o seu caminho para Jerusalém, chegaram a um povoado no qual uma mulher de nome Marta os recebeu em sua casa. A irmã dela, Maria, estava sentada aos pés do Senhor e escutava as suas palavras. 
Marta estava ocupada pelo muito serviço. Parando, por fim, disse: “Senhor, não te parece injusto que minha irmã fique sentada enquanto eu faço todo o serviço? Diz-lhe que venha me ajudar.” 
Mas o Senhor retrucou: “Marta, Marta, tu te inquietas e agitas por muitas coisas! No entanto, apenas uma coisa merece a nossa preocupação. Maria com efeito escolheu a melhor parte que não lhe será tirada!”

Lucas 10:38-42

Embora Marta achasse que sua irmã estava sendo egocêntrica ao deixar de ajudá-la, Maria, ao contrário, estava crescendo espiritualmente ao concentrar-se no relacionamento com Jesus. Ele nos ensina que só podemos encontrar o nosso centro espiritual interior ao reconhecê-lo como a dimensão do divino em nós. As pessoas que entram em contato com sua dimensão divina são pessoas retas e íntegras. A retidão espiritual envolve confiar em alguém maior do que nós, o que é diferente de confiarmos apenas em nós. Marta confiava apenas em si e em seu trabalho. Maria procurava a retidão espiritual confiando e entregando-se a Deus.

Muitas pessoas, como Marta, procuram ser virtuosas aos seus próprios olhos desenvolvendo comportamentos que consideram adequados. Jesus sabia que os comportamentos verdadeiramente retos e íntegros são conseqüência do relacionamento com Deus.

O termo “retidão” pode aplicar-se tanto ao nosso relacionamento com os outros quanto com Deus. Para ter um relacionamento reto com os outros precisamos aceitar que termos necessidade deles é sinal de força e não de fraqueza.1 É somente através do nosso relacionamento com Deus e com os outros que podemos alcançar o nosso mais elevado potencial. Quando tentamos fazer as coisas completamente sozinhos, acabamos como Marta, nos esforçando para parecermos virtuosos aos nossos próprios olhos, mas sempre insatisfeitos.



SOMOS TODOS PECADORES

Em determinada ocasião, uma mulher apanhada em flagrante de adultério foi levada à presença de Jesus para que certos líderes religiosos pudessem testar o seu respeito pela lei judaica que exigia que a mulher fosse apedrejada até morrer. Mas Jesus via a retidão de outra maneira. Ele pediu a cada pessoa na multidão que examinasse o próprio coração dizendo: “Aquele de vós que estiver sem pecado atire a primeira pedra.” Ninguém teve coragem de atirar.

Ao fazer isso, Jesus estava deixando clara a sua definição de retidão e integridade. As pessoas retas seguiam leis religiosas em decorrência do relacionamento que já tinham com Deus e não para se tornarem retas. Muitas vezes usamos leis e regras para provarmos que estamos certos. No entanto, o primeiro passo em direção à retidão é reconhecer que somos todos pecadores, capazes de incorrer em erros no nosso relacionamento com os outros.

Jesus quer que essa capacidade de errar vá sendo superada. No final, ele disse à mulher que “deixasse a vida de pecado”. Ele sabia que gestos e atitudes de amor ajudam as pessoas a serem melhores. Se os nossos relacionamentos forem amorosos, será mais fácil agir com retidão. Relacionamentos comprometidos dão espaço para atos moralmente incorretos.

Como psicólogo, concordo plenamente com isso. Os meus pacientes que vivem casos ilícitos e destrutivos fazem isso por causa de maus relacionamentos, de feridas não curadas, de desapontamentos ou de falta de amor. Dizer-lhes que sigam as regras geralmente não adianta. O que funciona é amá-los.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Nós nos tornamos retos quando nos sentimos amados, mesmo quando estamos errados.



VOCÊ NÃO É DEUS

Jesus ensinou que as pessoas, no seu desejo de segurança e proteção, precisam ter consciência do amor de Deus. Idolatrar qualquer outra coisa simplesmente não funciona. Precisamos sentir-nos protegidos, mas não podemos obter esse sentimento sem que alguém maior do que nós esteja presente quando precisarmos. Sob o aspecto psicológico, só podemos desenvolver a capacidade de nos acalmar se tivermos tido em nossa vida alguém em quem podíamos confiar e admirar durante a nossa fase de desenvolvimento. Jesus queria que as pessoas depositassem a sua confiança em Deus, porque é exatamente disso que elas precisam para conseguir a paz interior. Quem é mais capaz de nos fazer sentir seguros do que o criador do universo? Tentamos venerar o poder da própria mente, e isso só nos leva em direção à angústia e ao medo. Jesus ensinou que não devemos adorar a Deus em proveito dele e sim em nosso benefício.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Venerar a própria mente é servir a um deus muito pequeno.



A CHAVE PARA A ESPIRITUALIDADE

Jesus ensinou que o perdão é uma das ferramentas mais poderosas à disposição da humanidade. Muitos subestimam a importância psicológica do perdão. A vida de inúmeras pessoas foi transformada no decorrer da história humana por sentirem-se aceitas e perdoadas. Além disso, Jesus também ensinou que o perdão beneficia quem perdoa. O perdão remove os ressentimentos que nos impedem de desenvolver nossa espiritualidade. A frase “aquele a quem pouco se perdoa pouco ama” é especialmente verdadeira quando somos nós a pessoa que precisa de perdão.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Existem ocasiões em que perdoar a nós mesmos é o mais árduo ato de amor.



O AMOR POR SI MESMO

Jesus deixou muito claro que a sua definição do amor por si mesmo não significava egocentrismo. Para ele, o amor por si mesmo estava intimamente ligado ao amor pelos outros, assim como o ódio por si mesmo conectado ao abuso dos outros. Quando disse: “Ama o teu próximo como a ti mesmo”, Jesus estava explicando que só pode amar os outros quem se ama. O amor a si mesmo não pode estar separado do amor aos outros; um depende do outro.

O amor se multiplica quando é distribuído, assim como o ódio destrói enquanto permitimos que ele exista.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: O amor por si mesmo e o amor aos outros – um não pode ser praticado sem o outro.



ABRIR-SE PARA O AMOR

Jesus acreditava que o nosso desenvolvimento pessoal só se dá no relacionamento com Deus e com os outros. O amor pelos outros é a força criativa que impulsiona o desenvolvimento espiritual.

A razão pela qual muitas pessoas temem os relacionamentos é que o amor nos deixa vulneráveis. O risco de sofrer é o preço que pagamos quando estabelecemos um relacionamento com outras pessoas. Mas o amor é a recompensa. Aqueles que estão dispostos a pagar esse preço poderão desenvolver o seu eu, e os que procuram evitar qualquer risco e se fecham tornam-se egocêntricos.


PRINCÍPIO ESPIRITUAL: Abrir-se para o amor é o que nos realiza.


Texto extraído do livro "Jesus, o maior psicólogo que já existiu", escrito por Mark W. Baker, editora Sextante, 2010.

Nota do Autor do Blog: Esta é a última postagem sobre esse livro. Espero que aproveitem e ajudem ao máximo de pessoas possíveis.