quarta-feira, 27 de junho de 2012

Entendendo o vício (1/2)

O vício e a idolatria

Jesus não tinha uma palavra para o vício, mas ele compreendia que, quando criamos "deuses" que exigem a nossa atenção a ponto de destruirmos os nossos relacionamentos com outras pessoas, certamente estamos com graves problemas. A palavra que ele usava para isso era idolatria.

Jesus disse algo ao homem rico: "Vende todas as coisas que tens, distribui o dinheiro aos pobres." Jesus desejava que o homem percebesse que as suas "coisas" ocupavam o centro do seu interesse. O homem tinha substituído um relacionamento genuíno com Deus por "coisas". Ele se viciara nos seus ídolos.

Principio Espiritual: "Nenhum substituto do amor perdura."


O problema com as drogas

O motivo pelo qual as pessoas não conseguem abandonar os seus vícios é o fato de eles funcionarem - temporariamente. Voltar-se para algo que produz repetidamente uma espécie de conforto dá às pessoas uma falsa sensação de segurança. Elas conseguem afastar a dor de não conseguirem satisfazer as suas necessidades mais profundas. Os relacionamentos são desafiantes e trabalhosos porque nos fazem exigências. As coisas concretas são sempre as mesmas; sabemos o que esperar delas.

No entanto, a satisfação proveniente do uso de coisas materiais como substitutos não é duradoura. A dor das necessidades essenciais acaba reaparecendo, e por isso voltamos à solução mais fácil, apesar de descobrirmos aos poucos que ela não é suficiente. Passamos então a precisar de uma quantidade cada vez maior, embora algo dentro de nós saiba que não é dela que realmente precisamos. É por isso que o vício é chamado de doença progressiva.

Jesus sabia que, quando passamos a nos apoiar em coisas materiais para nos sentirmos seguros, é muito difícil desistir delas. Foi isso que ele quis transmitir quando disse que "é mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus". Ele não estava falando a respeito de dinheiro e sim de idolatria. É fácil viciarmos-nos em coisas materiais e acreditar que elas podem substituir as nossas necessidades emocionais. Quando nos viciamos nelas, é muito difícil largá-las.

Principio Espiritual: "O problemas das drogas é que elas nos fazem sentir melhor - apenas temporariamente."


As drogas não podem nos ajudar a crescer

Jesus constantemente orientava as pessoas para as coisas eternas. Ele sabia que a nossa atração pela gratifiicação instantênea resulta em uma satisfação temporária e em uma instatisfação crônica. Ele sabia que a euforia da idolatria é apenas um antídoto para a dor e o desapontamento na nossa vida. O sofrimento pára, mas apenas temporariamente. Esse tipo de antídoto neutraliza os sintomas, mas não cura.

Jesus nunca encorajou as pessoas a evitar o sofrimento na vida, porque ele não estava interessado em um alívio rápido. Ele não queria que as pessoas apenas se sentissem melhor, mas que elas efetivamente melhorem. A idolatria pode momentaneamente evitar a dor, mas impede também o crescimento. Enquanto nos preocupamos com os ídolos, permanecemos imaturos. A idolatria ajuda as pessoas a evitar as coisas, ao passo que o crescimento só acontece quando as enfrentamos.

Principio Espiritual: "Os viciados veneram um Deus egoísta."


O vício religioso

Para Jesus, a religião e a idolatria eram absolutamente diferentes. Os fariseus e os escribas eram pessoas sinceramente religiosas que não se consideravam idólatras, porque adoravam a Deus. Mas Jesus advertiu que não devemos usar a religião para parecer íntegros, escondendo dentro de nós nossos verdadeiros sentimento. Para ele, a integridade baseada nos relacionamentos era muito mais importante do que a integridades fundamentada em dogmas. Aquilo que Jesus descrevia como idolatria eu vejo hoje no meu consultório como vício.

Para Jesus, o propósito da religião era favorecer o relacionamento com Deus e com os outros e não substituí-los. Às vezes as pessoas usam a religião para se sentirem melhor, exatamente como os ciciados com as drogas. No caso da idolatria, as leis e os rituais religiosos se tornam a "droga", proporcionando às pessoas à ilusão de serem melhores do que realmente são.

Principio Espiritual: "A religião é um caminho e não um destino."



Texto extraído do livro "Jesus, o maior psicólogo que já existiu", escrito por Mark W. Baker, editora Sextante, 2010.