quinta-feira, 14 de junho de 2012

Entendendo a religião (1/2)

Rituais Religiosos

O ritual é uma ação concreta que simboliza uma realidade espiritual. Jesus acreditava que os rituais religiosos eram positivos quando usados para nos lembrar que temos um relacionamento com Deus e com os outros, mesmo nos momentos em que isso é difícil. Temos tendência ao esquecimento e muitas vezes realizamos os rituais de forma puramente mecânica, esvaziando-os do conteúdo.

Jesus sabia que todos temos momentos em que precisamos de algo palpável que nos faça lembrar o valor dos nossos relacionamentos. As vezes precisamos de demonstrações físicas de que o amor existe, e os rituais concretos podem exercer essa função. Os rituais religiosos podem ser positivos, desde que lembremos do seu objetivo.

Principio Espiritual: "Os rituais nos ajudam a lembrar o amor."


As coisas ficam mais cinzas à medida de crescemos

Jesus acreditava que o simbolismo religioso era útil para pessoas de todos os níveis de educação e inteligência. Ele sempre falava por meio de parábolas para que as pessoas pudessem entender o significado dos seus ensinamentos. Fornecer às pessoas imagens concretas com as quais elas pudessem se identificar as ajudava a compreender princípios espirituais mais abstratos. Jesus era um exímio contador de histórias porque conhecia o poder do simbolismo na comunicação de ideias.

A pessoa espiritualizada está em constante desenvolvimento. Coisas que foram um dia vistas em "preto e branco" adquirem "nuanças de cinza" à medida que vamos crescendo. Jesus instituiu rituais religiosos para que nos lembrássemos dele e não porque os rituais tivessem a capacidade mágica de nos tornar poderosos. Algumas pessoas fazem os gestos e repetem as palavras dos rituais sem perceber o sentido que eles encerram. Seguir regras e executar rituais sem entender que eles se destinam a favorecer o relacionamento com Deus e com a outras pessoas é praticar uma religião vazia que não favorece o crescimento espiritual.

Principio Espiritual: "Os rituais favorecem o amor; eles não o substituem."


Por que Freud odiava o fundamentalismo religioso

Freud odiava a religião. Não creio que seja necessário abordar aqui a criação religiosa de Freud e o que fez com que ele tivesse tanta raiva da religião. Para Freud, ela era uma ilusão que as pessoas usavam para defender-se do sentimento de que estavam desamparadas no mundo. Segundo essa perspectiva, as pessoas vivem de forma superficial, escondendo-se atrás de rituais e regras religiosas, em vez de enfrentar significados e sentimento mais profundos. Algumas pessoas de fato fazem isso, principalmente os fundamentalistas religiosos.

Jesus discordaria da opinião de Freud a respeitos da religião. Para ele, reconhecer a nossa impotência era um sinal de maturidade espiritual, e pedir a ajuda de Deus e dos outros era a melhor coisa a ser feita. A religião não foi feita para ser uma defesa contra a sensação de desamparo; ela é uma resposta positiva a este sentimento que nos abre a um relacionamento com alguém capaz de nos ajudar quando precisamos. Para Jesus, todos vivemos sensações de desemparo e todos necessitamos de Deus.

Princípio Espiritual: "A saúde começa com o reconhecimento de que não somos Deus."




Texto extraído do livro "Jesus, o maior psicólogo que já existiu", escrito por Mark W. Baker, editora Sextante, 2010.