segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

[parte 01] Mentes Inquietas - O que é TDA

Inicialmente é importante frisar que o livro se referenciará a palavra TDA como alguém com essa síndrome ou como a síndrome propriamente dita. Então eu posso ser um TDA ou podemos estudar o TDA. É basicamente composta de três indícios principais: dificuldade em manter a atenção, impulsividade exagerada e excesso de atividade física e/ou mental.

Dificuldade em manter a atenção

A dificuldade de manter a atenção é um dos principais fatores de quem tem esse transtorno. O interessante é que isso não significa que o TDA não preste a atenção em nada.

Ele dará uma ênfase absurda em alguns poucos assuntos que despertem muito seu interesse e não conseguirá dar igualmente atenção a outros assuntos que não despertem tanto interesse assim ou mesmo aqueles que não têm nenhum interesse, mas precisariam se concentrar por obrigação social, profissional ou qualquer que seja o motivo. Essa ciranda de falta de interesse não é visível para o TDA. São pessoas que sempre mudam de assunto do nada, te interrompem para falar de outra coisa fora do que estão falando e simplesmente não percebem tal ato.

Essas pessoas tendem a ter dificuldade nos relacionamentos pelos “pecados” que comentem constantemente e não percebem. Isso acarreta uma grande frustração para elas e o desprendimento de uma enorme quantidade de energia para conseguir se comportar como os outros, acarretando assim um enorme desgaste para fazer coisas simples e cotidianas.

Outro ponto importante é quando um TDA tenta fazer um determinado trabalho ou ação baseado em coisas que ele não se interessa. Geralmente acham que o resultado ficou abaixo do que considera bom quando na realidade geralmente o resultado fica ótimo. Por mais que você fale e prove que o trabalho tenha ficado bom, o TDA tende a sempre ter a sensação que o resultado ficou ruim. Essa desconexão com realidade se dá pelo excesso de atividade cerebral que um TDA tem. Seu cérebro passa por uma verdadeira tempestade de pensamentos constantemente, principalmente se o que está fazendo não for muito de seu interesse e se no momento está desejando se concentrar em outra coisa. Isso dificulta muito a mensuração e entendimento da real dimensão do está produzindo, prejudicando sua capacidade de julgamento. Essa dificuldade afeta principalmente a realização de trabalhos e metas preestabelecidas.

Impulsividade

A mente de uma pessoa TDA funciona como uma antena, ficando totalmente aberto a tudo que lhe passa perto. Situações ou coisas simples para a maioria das pessoas podem automaticamente despertar um interesse gigantesco para pessoas com TDA.

Como seu interesse é exagerado, sua força desprendida também é exagerada com relação a esse estímulo. Por isso vemos muitas vezes pessoas exagerando em coisas que achamos absurdas como comer demasiadamente, correr com seus automóveis, usar drogas, provocar brigas e outros. É muito importante que um TDA tenha real dimensão de sua impulsividade para que possa canalizá-la em coisas benéficas.

Um fato interessante é que, mesmo sendo impulsivo e exagerado sofrendo diversas vezes por isso no trabalho e relacionamentos, os TDAs jamais buscam a morte. Eles adoram viver a vida e a vivem de uma forma que chega “doer” de tão intensa. Tudo para o TDA é muito, é intenso, é tudo ou nada.

Hiperatividade física e mental

É muito fácil identificar a hiperatividade de um TDA. Quando crianças, eles se mostram agitados, movendo-se sem parar na sala de aula, em sua casa ou mesmo nos playgrounds. Chegam a andar aos pulos, como se seus passos fossem lentos demais para acompanhas a energia contida nos músculos. Em ambientes fechados, mexem em vários objetos ao mesmo tempo, derrubando grande parte deles na vontade de ver todos de uma vez.

Já nos adultos, essa hiperatividade costuma se apresentar de forma menos exuberante, uma adequação formal da hiperatividade da fase infantil. Podemos observar a hiperatividade física naqueles que “sacodem” incessantemente as pernas, “rabiscam” com constância papéis à sua frente, roem unhas, mexem o tempo todo nos cabelos, “dançam” em suas cadeiras de trabalho e estão sempre buscando algo para manter as mãos ocupadas.

A hiperatividade mental apresenta-se de maneira mais sutil, o que não significa que seja menos penosa que a hiperatividade física. Ela pode ser entendida como um “chiado” cerebral, tal qual um motor de automóvel desregulado que acaba por provocar um desgaste bastante acentuado.


O traço TDA


O TDE varia grandemente em intensidade, nas características e na forma como se manifesta. Pode-se dizer, em tom de brincadeira, que existe desde um “TDAzinho” até um “TDAzão”. O fato é que muitas pessoas não preenchem os critérios diagnósticos para TDA, mas apresentam, inequivocamente, alguns de seus sintomas. Em outros casos, elas podem até ter vários sintomas, porem com intensidade e freqüência insuficientes para caracterizar um clássico TDA.

Quando se recolhem informações de um paciente, tenta-se identificar o diagnóstico para o qual estas apontam. Muitas vezes consegue-se defini-lo; porem, em outras ocasiões, não se pode estabelecer o diagnóstico de forma definitiva. Contudo os traços (ou indícios) formam o esboço de algo, mas não são suficientes para se dar um veredicto final. No caso do TDA, pode-se não fechar um diagnóstico, mas vê-se claramente o esboço ali: traços de TDA.

Pessoas “levemente” TDAs podem não ter problemas causados pelas características do transtorno na mesma intensidade que levam os “inegavelmente” TDAs a buscar ajuda em consultórios médicos. E, caso tenham, será mais uma vez o grau de sofrimento e os prejuízos acarretados às suas atividades cotidianas que definirão a busca por ajuda por meio de tratamento.

O adulto “levemente” TDA por certo não deve ter muitas reclamações a fazer.Ele é dotado de um alto nível de energia e entusiasmo. Sua ligeira desorganização não é suficiente para atrapalhar o andamento de seus projetos. No trabalho, pode-se dizer que, quando sob pressão e desafio, esta pessoa consegue ter um desempenho melhor ainda.

A decisão pelo tratamento deve ser baseada em um exame cuidadoso do novel de desconforto experimentado pelo indivíduo e das exigências ambientais ao seu redor.