domingo, 1 de agosto de 2010

Coisas da Alma - Sobre Deus


Nesse primeiro capítulo, Rubem Alves deixa claro a visão dele sobre Deus:
  • O que achamos sobre Deus não abala o próprio Deus, pois Deus sempre nos amará independente do que façamos ou achemos dele.
  • Por pretensão ou tentativa de entendimento, tendemos a limitar e atribuir fatos e argumentos a Deus sem que consigamos prová-los.

Mas, frente ao que foi proposto pelo autor, surge as seguintes questões:
  • Neste capítulo (e nos subseqüentes), Rubem Alves não questionou a existência de Deus como ele faz com outras entidades ou situações, por quê?
  • Porque Rubem Alves afirma que Deus não se importa com o que pensamos do próprio Deus?
  • Onde ele encontra indícios disso?
  • Isso é bom ou ruim?
  • Afinal, se Deus nos criou, porque Deus não se importaria com que achamos dele?

Iniciando os estudos, acredito que, como eu, Rubem Alves crê que a existência de Deus se firma em pontos diversos não em apenas um ponto propriamente dito. Racionalmente (como sempre tendemos pensar) podemos dizer que a existência de Deus se faz necessário pelos seguintes motivos:
  • É a única explicação racional para o inicio de tudo. Por mais que toda a ciência tenta explicar o início de tudo, sempre há um ponto que se faz necessário uma força desconhecida, mas poderosa, para que se crie algo. Os adeptos do “big bang” (evolucionistas) têm que darem o braço a torcer quando são questionados sobre quem ou o que criou a massa crítica que explodiu. REF: http://www.apologia.com.br/?p=65
  • É a única explicação racional para o perfeito funcionamento de tudo. Mesmo para os mais céticos, não há como fugir do fato que alguma força incrivelmente poderosa necessariamente precisou colocar tudo em ordem, ou seja, arquitetar o que vemos hoje. REF: http://www.apologia.com.br/?cat=6

Sem contar nas necessidades emocionais supridas quando temos a existência de Deus assegurada.

Vejamos uma conclusão, no mínimo interessante, de um postulado de William Lane Craig (clique aqui para ler na íntegra) analisando a existência de Deus sob o ponto de vista racional:

"Dado o princípio intuitivamente óbvio de que tudo que começa a existir tem uma causa para sua existência, somos levados a concluir que o universo tem uma causa para a sua existência. Com base no nosso argumento, esta causa deve ser não-causada, eterna, imutável, atemporal e imaterial. Além disso, ela deve ser um agente pessoal que livremente escolhe criar um efeito no tempo. Portanto, com fundamento no argumento cosmológico de Kalam, concluo que é racional crer que Deus existe."


Voltando a analisar a argumentação de Rubem Alves, acredito que ele chega a conclusão da indiferença de Deus sobre nossos "achismos" pelos seguintes motivos:
  • Não faz nenhum sentido o criador ficar a mercê de julgamentos de sua criação.
  • Se o criador for fortemente abalado pelo julgamento de sua criação não haverá a imparcialidade necessária para que ele zele pela sua criação.
  • Se o criador for fortemente abalado pelo julgamento de sua criação anularia o principal conceito e finalidade da criação, proclamado pelo próprio criador, que é o AMOR PERFEITO.

Os indícios apresentados por Rubem Alves sobre esse assunto são:
  • A bíblia sagrada. Citando a passagem onde Jesus diz que o sol brilha sobre os juntos e injustos.
  • A lógica. Como já visto neste texto e frente a uma grande literatura existente.
  • A experiência de vida. Rubem Alves cita em outros trechos do livro e em várias outras obras que essa afirmação é a única que condiz com o que ele experimentou em sua vida.

Sobre a questão de ser boa ou ruim essa visão sobre Deus, Rubem Alves:
  • Apresenta uma visão a partir de um ponto de vista extremamente positivo e carinhoso.
  • Usa sempre expressões que mostram grande ternura de Deus por nós exatamente por esse motivo.
  • Mostra que isso preserva algo vital para nós, a imutabilidade de Deus e de seu amor.
Contudo pessoas tendem a refutar essa idéia porque:
  • (os temerosos) Tem medo do Deus que elas acreditam seja um Deus imparcial e frio. Com isso tiram-lhes a sensação que Ele nos ouve e se importa conosco.
  • (os fanáticos) Dizem não condizer com a realidade que elas presenciam diariamente onde Deus lhes beneficia constantemente mediante obediência ou os pune por desobedecer ou por querer mostrar que está errado.
  • (os descrentes) Pelo estado degradado que vêem o mundo e toda sociedade hoje.
Em suma, quase todos tem medo de que esse Deus "indiferente" não os livrem do mal. Frente a esse tema, Jeimes Quintas apresenta uma teoria sobre “o problema do mal” muito interessante e que vale a pena ser lida por completo (clique aqui para ler na íntegra). Os principais pontos de sua teoria são:
  • Um mundo sem qualquer tipo de mal não é um mundo bom porque o que cria o mal são necessidades e desejos. Para se extinguir o mal, precisamos extinguir as necessidades e os desejos e isso tornaria o mundo sem sentido, assim como nossa vida.
  • Um mundo com menos mal do que o nosso, por mais que se reduza esse mal a algo mínimo, será sempre considerado exageradamente mal pelos seus habitantes. Baseados nisso também podemos afirmar que não é possível a existência de um mundo melhor do que o atual.
  • Não há muito mal no mundo, nós humanos é que damos um alto valor ao que enxergamos como mal.

Finalizando, será que Deus não se importa realmente conosco ou...
  • Somos parciais demais para julgar isso?
  • Tendemos a julgar essa questão de um ponto de vista distorcido?
  • Mesmo que a razão aponte para algo contrário com extrema coerência, nossa emoção (na maioria das vezes tendenciosa) nos leva a sentimentos contrários resultando em confusões de conceitos?
  • Somos sujeitos a influências de outros de nossa espécie quase sempre resultando em confusões de conceitos?

Concluindo, não podemos comprovar cientificamente que Deus realmente exista e que ele não se importe com o que achamos dele. Porém pela lógica concluímos que sua existência é real e necessária e somente assim justificamos tudo que existe. Também pela lógica, o que achamos de Deus não pode abalar o ser Deus em sua essência. Por fim, o ser humano tende a confundir-se frente a necessidade do Deus que muda as leis da natureza em virtude do beneficio próprio ou de seus próximos.