sábado, 30 de julho de 2011

Conhecendo as pessoas (2/2)

A imagem de Deus na terra

O simples fato de expressarmos nossas emoções não é benéfico, mas sermos acolhido e compreendido ao externa-las pode ajudar muito na cura. Os psicólogos estão reconhecendo hoje em dia a importância dos relacionamentos em nossa vida, e a terapia precisa sempre considerar esse fato.
Jesus ensinou que não podemos viver sem um relacionamento com Deus e com os outros, assim como não somos capazes de existir sem o ar que respiramos. Tentar viver uma vida isolada significa violar nossa natureza. Reconhecer que dependemos fundamentalmente de alguém de fora de nós é a única maneira de satisfazer a nossa natureza. Muitos psicólogos estão chegando a mesma conclusão. Estamos reconhecendo que as pessoas só podem ter um “eu” ao se relacionar com os outros.

Principio Espiritual: "A capacidade de Deus em nós é a nossa capacidade de nos relacionarmos".


A interpretação errada do objetivo da vida de Jesus

O domingo de Ramos é lembrado na igreja cristã como o início da semana mais importante na vida de Jesus. Nesse domingo ele foi para Jerusalém viver seus últimos dias na Terra. As pessoas que souberam que ele estava chegando enfileiraram-se nas ruas para saudá-lo, agitando folhas de palmeira como um símbolo de vitória para um poderoso dirigente, mais ou menos como fazemos quando papéis são jogados dos prédios para receber os heróis.
Para surpresa de todos, Jesus chegou montado em um jumento. Em vez de chegar a cidade com grande pompa, ele se serviu de um humilde meio de transporte para cumprir uma antiga profecia. Ele queria deixar uma coisa bem clara: ele era alguém com quem qualquer um podia se relacionar. Até mesmo João, o amigo mais chegado de Jesus, escreveu a respeito desse evento dizendo que “não tinha entendido”. As pessoas naquela época quanto agora, têm a tendência de achar que, se Jesus tinha o poder de mudar o mundo, ele deveria ter planos drásticos para varrer a corrupção e o mal que permeava o planeta. Jesus, porém, parecia continuar dizer às pessoas que elas precisavam se relacionar com Deus.
Muitas pessoas são religiosas porque se sentem culpadas e têm esperança de que através das práticas religiosas podem ser salvas. Elas seguem rituais religiosos, fazem contribuições financeiras e tentam viver uma vida religiosa para não se sentirem mal com relação a si mesmas. A noção de que Jesus queria mostrar às pessoas que elas são más para que vivam de forma mais digna é uma interpretação errada das ideias de Jesus.
Jesus criticava o comportamento de algumas pessoas, mas aquelas que ele mais censurava eram exatamente as religiosas. Raramente ele reprovava as pessoas comuns. Quando se deparava com alguém que estivesse se comportando mal, dizia para a pessoa “ir embora e não pecar mais”, sem dar ênfase ao mau comportamento. O objetivo da vida de Jesus não era demonstrar que as pessoas eram más, mas fazer com que elas soubessem que precisavam relacionar-se com Deus e com os outros de forma amorosa. Ele acreditava que, se reconhecêssemos essa necessidade humana básica, não desejaríamos agir de modo nocivo. É fácil enganar-se ao interpretar o objetivo da vida de Jesus se encararmos sua missão como um dever moral, se acreditarmos que Jesus considerava que as pessoas eram fundamentalmente más e precisam ser moralmente libertadas através de princípios religiosos. O objetivo da vida de Jesus não era fazer com que tivéssemos mais moralidade e sim nos tornar mais amorosos em nossas relações.

Principio Espiritual: "A boa moralidade se origina nos bons relacionamentos".


Voltando ao jardim do Éden

Jesus via o trabalho de sua vida como uma reconciliação da humanidade com Deus. O que Adão, Eva e a humanidade perdeu no jardim do Éden foi o relacionamento íntimo com Deus. Jesus viu a si mesmo como a ponta entre Deus e a humanidade. Essa foi a nossa redenção, no nosso relacionamento restaurado com Deus.
Acredito que a vida seria melhor se pensássemos com mais frequência que nossa salvação consiste em restabelecer os relacionamentos rompidos. Quando um relacionamento se rompe, a maioria das pessoas se preocupa quem está errado. Quando somos feridos, procuramos logo o culpado, querendo que pague por isso. Jesus, por outro lado, achava que as coisas poderiam ser reparadas a partir do que damos aos outros e não do que recebemos deles como forma de pagamento.

Principio Espiritual: "Nós nos salvamos restaurando os relacionamentos".



Texto extraído do livro "Jesus, o maior psicólogo que já existiu", escrito por Mark W. Baker, editora Sextante, 2010.