domingo, 17 de julho de 2011

Conhecendo as pessoas (1/2)

Jesus considerava as pessoas essencialmente más?

Na parábola do bom samaritano, o ladrão era definitivamente uma pessoa má, mas Jesus não se concentrou nele. Ele não estava interessando em definir a natureza humana como má, mas em nos oferecer um modelo de como sermos bons. Jesus relacionava-se constantemente com as pessoas que podiam ser consideradas “más” pelos outros, como a mulher adultera, mas ele não as encarava dessa maneira. Ele via todas as pessoas como capazes de ser boas e nunca as discriminava. Jesus procurava sempre atrair as pessoas para um relacionamento com ele porque era isso o que as ajudava a se tornarem melhores.

Principio Espiritual: “Roubar os outros furta a alma do ladrão”.


O problema de ver as pessoas como más

Acreditar que a humanidade é fundamentalmente má faz você querer afastar dela o máximo possível e só se associar àqueles que defendem idênticas convicções religiosas. Pessoas assim desprezam, mesmo que de forma inconsciente, aqueles que deixam de alcançar o seu nível de espiritualidade. Na terminologia psicológica essa “persona” que eles criam é chamada de falso eu. O termo religioso é fariseu.

Na época que Jesus conta a parábola do bom samaritano, havia um forte preconceito racial entre judeus e samaritanos. Com essa parábola, Jesus nos mostra que as pessoas são boas ou más devido aos relacionamentos que estabelecem e não a algo que lhes é inerente desde que nasceram. A religião não nos tira da nossa condição humana, pelo contrário, a religião nos faz viver plenamente a condição humana, inclusive seu lado ruim.

Principio Espiritual: “Não podemos escapar do nosso eu, mas podemos encontra-lo”.


Jesus considerava as pessoas essencialmente boas?

Jesus disse muitas coisas que apoiam a crença humanista na bondade inerente das pessoas, mas não podemos parar aqui. Jesus também reconheceu os problemas associados a essa crença, e para saber quais são temos que prosseguir na leitura.

Principio Espiritual: “Os bons ouvintes fazem as pessoas serem melhores”.


O problema de ver as pessoas como boas

O individualismo é a crença na autoconfiança e na independência. Aqueles que acreditam no individualismo enfatizam a realização e os sucessos pessoais sem precisar depender dos outros. Se qualquer coisa viola seus direitos individuais, eles se livram dela. Sente que tem o direito de alcançar a excelência pessoal a qualquer custo.
Os seres humanos não funcionam dessa maneira. Nós, seres humanos, precisamos fundamentalmente das outras pessoas para poder saber quem somos. Assim como necessitamos de espelhos que reflitam a nossa imagem física, que nos mostrem como parecemos fisicamente, precisamos que as outras pessoas nos retratem emocionalmente, que nos revelem como somos psicologicamente.
A ideia de Jesus de que “os primeiros serão os últimos” é o oposto do individualismo. Embora ele reconhecesse o valor inerente de cada pessoa, as pessoas só eram consideradas boas como consequência do seu relacionamento com Deus e com os outros. Jesus nunca ensinou que poderíamos ser bons sozinhos. Para ele, não realizamos nosso pelo potencial por meio da competição e sim através da conexão.

Principio Espiritual: “O indivíduo é uma parte do todo”.


As pessoas não são boas nem más

Como a parábola do bom samaritano, Jesus estava falando da natureza humana. Ele não estava dizendo que somos fundamentalmente mais como os ladrões ou automaticamente bons como os samaritanos. Nossa natureza essencial, de acordo com Jesus, se manifesta na relação. Nossa necessidade básica é nos relacionarmos um com os outros a fim de sermos completos. Frequentemente usamos várias desculpas para negarmos a percepção de que estamos vitalmente ligados ao outros. Eles necessitam de nós e, o que é ainda mais assustador, nós precisamos deles.

Principio Espiritual: “Às vezes tratamos aqueles que amamos como nunca trataríamos nosso amigo. Devemos pedir perdão por isso”.




Texto extraído do livro "Jesus, o maior psicólogo que já existiu", escrito por Mark W. Baker, editora Sextante, 2010.